Tendo em vista que em 2012 fiz uma longa e extenuante viagem
de 23 dias, havia decidido que neste ano tentaria ir durante minhas férias para
algum lugar onde pudesse realmente descansar.
Natal apareceu como primeira opção, pois tenho há algum
tempo afinidades e ligações com a cidade que se iniciaram com a publicação de
uma entrevista minha no saudoso fanzine LADO R em 2010. Esta publicação fez com
que eu iniciasse a amizade com seus editores concretizada com a vinda do jornalista
Leandro Menezes para São Paulo durante a Virada Cultural de 2012.
Fiquei sete dias na cidade e levei comigo um caderno,
aquarela e nanquim. Adquiri este hábito de levar uma aquarela para viagem há
cerca de um ano quando estava na Espanha e senti uma vontade irrefreável de
tentar reproduzir as cores ou atmosfera do lugar nos desenhos.
No dia 08 de abril, já em terras potiguares o que
imediatamente me chamou a atenção foi a cor do mar: um tom indecifrável entre o
verde e o azul que tentei representar diversas vezes através da aquarela.
Fiz muitos passeios pela cidade, na maioria deles pude sentar de frente para o mar e pintar entre uma cerveja e outra sob o calor sempre acima dos 30 graus. Minha obsessão primeira era tentar apreender no caderno as cores do mar do Rio Grande do Norte.
Fiz muitos passeios pela cidade, na maioria deles pude sentar de frente para o mar e pintar entre uma cerveja e outra sob o calor sempre acima dos 30 graus. Minha obsessão primeira era tentar apreender no caderno as cores do mar do Rio Grande do Norte.
Em um dos primeiros dias da viagem encontrei três dos
editores do Lado R: Leandro Menezes, Dimetrius Ferreira e Rafael Medeiros.
Leandro e Dimetrius
tocam em um projeto musical chamado Mahmed para o qual eu havia cedido uma
ilustração para a capa do primeiro álbum. Neste encontro mostrei para eles as
aquarelas que estava fazendo sobre o mar de Natal e Dimetrius fez uma conexão
que eu ainda não havia feito, a cor do mar que estava fazendo nas aquarelas era
a mesma cor do desenho da capa do Mahmed.
Também fiquei impressionado com as falésias que consegui
visitar em algumas praias do Rio Grande do Norte, um elemento que aprecio utilizar
em alguns desenhos.
Pude conhecer pessoalmente também o artista gráfico Daniel
Nec com quem já havia trocado alguma material e do qual me tornei fã pelo
genial zine Memória do
Psiconaut. Havia combinado com ele de levar materiais
para a troca e minha grata surpresa foi
receber quatro desenhos originais do citado zine.
Entre as várias voltas que dei com o Nec pela cidade, uma
foi ao abandonado presépio de Natal projetado por Oscar Niemeyer onde na tarde
do sábado (dia 14 de abril) nos encontraríamos com alguns grafiteiros locais. O
local é reutilizado como moradia por algumas pessoas em situação de rua e como espaço
de diversão e encontro de skatistas e artistas urbanos. A princípio a minha
intenção neste passeio era fotografar ou talvez registrar o local com desenhos em
meu caderno. Mas ao observar o Daniel pintando naquelas paredes brancas e lisas
com pincel e tinta preta foi inevitável querer pintar também... A parede branca
convidou e não é sempre que se pode fazer um desenho sobre um Niemeyer. Do
outro lado da rua, contrastando com o abandono do Niemeyer, segue a todo vapor
a construção do estádio para a copa em Natal. Idiossincrasias do Brasil.
Após sete dias retornei à Babilônia com o caderno cheio de
desenhos e com a cabeça fervilhando de idéias. Guardo a lembrança de bons
tempos com bons amigos e a vontade de voltar logo menos para ver o mar verde azulado (ou será azul esverdeado?).
belo resultado!
ResponderExcluirBelo diário! Pena que não pude conhecer uma pessoa que parece ser maior gente fina, porque o desenhista que me emociona com seus traços eu já conheço.
ResponderExcluirEXistencialidades e territorialidades mentais! essencial pois a essencia da técnica não está nela mesma, e sim no maquinar o projetar no existir!!! gostei muito!!!
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