(Texto extraído da versão
em capa dura do EndoApocalipse)
Outras linguagens
Durante os desenhos de
EndoApocalipse pintei duas telas a óleo representando as máscaras de madeira,
principais ícones da história, uma feminina e outra masculina. Foi a primeira
vez que trabalhando em desenhos de um zine flertei com outras linguagens ou
técnicas utilizando os mesmo motivos. E a questão não foi algo do tipo “porque
fazer?”, mas sim, “porque não?”. O resultado foi ótimo e com a pintura pude
observar melhor como estas máscaras realmente seriam em termos estruturais se
existissem. Estas pinturas permitiram também entender questões relativas às
proporções dos personagens, além de funcionar como um bom momento de
relaxamento, alternativo às dezenas de horas que passava debruçado sobre o
papel desenhando com o nanquim.
Além da pintura, resolvi
também desenvolver uma gravura com os temas do zine. Embora inicialmente
tivesse pensado em fazer uma gravura em metal (água-forte), técnica sobre a
qual tenho maior domínio, entendi que seria uma incoerência em termos de
linguagem artística visto que os traços dos desenhos são grossos e
assemelham-se a xilogravuras.
Além disso, surgiu a
questão de que as máscaras da história são de madeira, logo, através de um
silogismo pessoal totalmente arbitrário, entendi que a matriz da gravura também
deveria ser em madeira.
A feitura da gravura foi
decisiva na decisão de fazer a versão capa dura do zine, pois seria o formato
ideal para acomodá-la.
As pinturas foram
finalizadas duas semanas após o lançamento dos zines (e do livro) e tendo todo
contexto da produção. É interessante observar como elas se encaixam na leitura geral
de tudo o que foi feito. De certa forma, acredito que elas se dispõem como
figuras posteriores em localização temporal à “saga” retratada no zine. Na
minha leitura pessoal, ambas representam a lembrança do conflito, seja através
(no quadro vermelho) da máscara símbolo exposta como troféu ou relíquia de guerra, ou no quadro amarelo,
através de uma figura saudosa dos tempos da “revolução” que não vingou.
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