domingo, 2 de dezembro de 2012

PINTURAS A OLEO DE ENDOAPOCALIPSE

 

(Texto extraído da versão em capa dura do EndoApocalipse)
Outras linguagens
 
Durante os desenhos de EndoApocalipse pintei duas telas a óleo representando as máscaras de madeira, principais ícones da história, uma feminina e outra masculina. Foi a primeira vez que trabalhando em desenhos de um zine flertei com outras linguagens ou técnicas utilizando os mesmo motivos. E a questão não foi algo do tipo “porque fazer?”, mas sim, “porque não?”. O resultado foi ótimo e com a pintura pude observar melhor como estas máscaras realmente seriam em termos estruturais se existissem. Estas pinturas permitiram também entender questões relativas às proporções dos personagens, além de funcionar como um bom momento de relaxamento, alternativo às dezenas de horas que passava debruçado sobre o papel desenhando com o nanquim.
Além da pintura, resolvi também desenvolver uma gravura com os temas do zine. Embora inicialmente tivesse pensado em fazer uma gravura em metal (água-forte), técnica sobre a qual tenho maior domínio, entendi que seria uma incoerência em termos de linguagem artística visto que os traços dos desenhos são grossos e assemelham-se a xilogravuras.
Além disso, surgiu a questão de que as máscaras da história são de madeira, logo, através de um silogismo pessoal totalmente arbitrário, entendi que a matriz da gravura também deveria ser em madeira.
A feitura da gravura foi decisiva na decisão de fazer a versão capa dura do zine, pois seria o formato ideal para acomodá-la.

 
 
 As pinturas foram finalizadas duas semanas após o lançamento dos zines (e do livro) e tendo todo contexto da produção. É interessante observar como elas se encaixam na leitura geral de tudo o que foi feito. De certa forma, acredito que elas se dispõem como figuras posteriores em localização temporal à “saga” retratada no zine. Na minha leitura pessoal, ambas representam a lembrança do conflito, seja através (no quadro vermelho) da máscara símbolo exposta como troféu ou relíquia de guerra, ou no quadro amarelo, através de uma figura saudosa dos tempos da “revolução” que não vingou.